
Você é feliz? Em “The Happiness Industry”, o filósofo William Davies nos mostra que o desenvolvimento da “ciência da felicidade” tem como objetivo quantificar elementos subjetivos da natureza humana, a fim de otimizar o desempenho dos trabalhadores.
Nos últimos anos, essa é a questão que permeia os mais diversos setores da nossa sociedade. Aplicativos de monitoramento do corpo, mindfulness, palestras com guias religiosos, livros de autoajuda convergem numa cultura de maximização do bem-estar.
Quer entender como o governo e as grandes empresas nos vendem felicidade? Então este PocketBook é para você!
“The Happiness Industry” foi lançado em 2015 pela Editora Verso e ainda não possui uma versão traduzida para o português.
Ao longo de 8 capítulos, William Davies aborda a mercantilização da felicidade, demonstrando como o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a otimização da performance pessoal e ideais de autocontrole difundidos em palestras motivacionais estão enraizadas numa cultura de exploração do bem-estar.
William Davies é um sociólogo inglês cujo trabalho tem foco na história das ideias e a forma como os conhecimentos peritos moldam a sociedade atual.
Ele é co-diretor do Centro de Pesquisas de Economia Política, em Londres, e contribui com frequência para diversos jornais e periódicos, como o New Left Review, The Guardian e o London Review of Books.
Davies também é autor dos livros “The Limits of Neoliberalism: Authority, Sovereignty and the Logic of Competition” e “Nervous States: How Feeling Took Over the World”.
O livro “The Happiness Industry”, é recomendado para pessoas que buscam entender o papel da felicidade na modernidade e a forma como a Big Data atua em nossa sociedade. Líderes de empresas são atraídos pelo conteúdo desta obra.
Está sem tempo para ler agora? Então faça o download gratuito do PDF e leia onde e quando quiser:
Em sua análise da felicidade na sociedade contemporânea, o autor William Davies traça um panorama dos pensadores que buscaram desvendar como pensamos e agimos.
No primeiro capítulo do livro “The Happiness Industry”, ele apresenta dois elementos que fundamentaram essa “ciência da felicidade”: o utilitarismo de Jeremy Bentham e a psicofísica de Gustav Fechner.
Segundo Bentham, políticas governamentais deveriam resultar no máximo de felicidade para a maioria da população. Seguidor de uma tradição que rejeita valores abstratos, ele afirmava que a felicidade deveria ser quantificada com base em dois indicadores concretos: a medição do pulso e o dinheiro.
Já Fechner é uma das figuras-chave no desenvolvimento do que hoje conhecemos como psicologia. De acordo com sua teoria psicofísica, o ser humano deve ser entendido como o equilíbrio entre corpo e mente. Em seus estudos, Fechner buscou formas de quantificar a mente através de sinais físicos.
Ambos tiveram como objetivo transformar experiências subjetivas em objetos comparáveis. Conforme ressaltado pelo autor, a linha de pensamento desses intelectuais descarta a linguagem como forma adequada de comunicar sentimentos e desejos.
No segundo capítulo, William Davies põe em questão a confiabilidade do dinheiro como forma de representação de nossos sentimentos. Ele demonstra que os estudos da subjetividade humana sempre estiveram atrelados a uma busca pelo aumento da produtividade.
O dinheiro possui duas funções contraditórias: conter um determinado valor e ser um meio de troca. A história da economia liberal é pautada pelo engajamento em lidar com o caráter bipolar do dinheiro. A solução oferecida por economistas é a ideia abstrata de “valor”.
William S. Jevons contribuiu para essa história com uma teoria de “valor” que correlaciona prazer e dinheiro, pautada nos pressupostos de Bentham. Desde então, a subjetividade e sua interação com o mercado tornou-se central para a economia e, posteriormente, expandiu-se para as demais instituições sociais.
Após os anos 1930 houve um distanciamento entre psicologia e economia. A partir dos anos 90, observa-se uma retomada da relação entre as duas disciplinas, com a finalidade de recuperar a importância da economia. Consequentemente, a autoridade moral do dinheiro.
Desde o fim dos anos 90, pesquisadores de mercado têm se tornado cada vez mais obcecados com indicadores físicos de nossas preferências de consumo. O terceiro capítulo tem como foco a instrumentalização da psicologia pelos profissionais de publicidade e propaganda.
Wilhelm Wundt foi o responsável por tornar a psicologia uma disciplina autônoma, emancipada da fisiologia e filosofia. Seus estudos forneceram a base para o desenvolvimento dos psicólogos norte-americanos, que a abordaram sob uma perspectiva que rejeitava questões metafísicas.
Nas mãos de John B. Watson, a psicologia tornou-se uma eficiente ferramenta de manipulação. Ele é o fundador do “behaviorismo”, uma vertente cientificista da psicologia que se propõe a explicar os segredos do comportamento humano como resultado do condicionamento. A opinião do paciente é irrelevante.
O behaviorismo é capaz de produzir propagandas que direcionam a subjetividade dos consumidores. No entanto, conforme demonstrado pelo autor em seu livro, “The Happiness Industry”, é ineficiente em identificar os desejos das pessoas, e requer o apoio das pesquisas de mercado.
A partir dessa união, ideais políticos são convertidos em consumo.
Neste capítulo, William Davies aborda os sistemas de otimização da produtividade que se desenvolveram na história da indústria e seus reflexos no comportamento dos trabalhadores. Aqui destacam-se duas figuras: Frederick W. Taylor e Elton Mayo.
O Taylorismo é um sistema baseado na análise metódica da cadeia de produção, das condições físicas dos trabalhadores e do trabalho em si. Consiste na extração do máximo de produção com o mínimo de recursos, através da divisão racionalizada do trabalho. É um sistema que causa grande infelicidade aos trabalhadores.
Elton Mayo identificou em suas pesquisas que o bem-estar é um fator que interfere na produtividade. Seguindo sua concepção, gestão tornou-se uma função social e psicológica.
Conforme a gestão terapêutica proposta por Mayo ganhou espaço, a resistência ao trabalho começou a se manifestar na forma de problemas físicos.
O autor afirma que está em curso uma retomada sofisticada do Taylorismo. Novas tecnologias monitoram nosso desempenho físico e mental. Percebe-se a ascensão de um novo ideal de comportamento humano, em que trabalho, saúde e felicidade tornam-se indiscerníveis. Nesse contexto, a felicidade é um recurso a ser explorado.
A quantificação da felicidade foi assimilada por uma linha de pensamento que domina a sociedade desde os anos 80: o Neoliberalismo.
Os anos 60 presenciaram uma proliferação de ideias caracterizadas por um profundo relativismo, que pôs em questão a legitimidade das autoridades tradicionais.
O livro explica que esse contexto de excessiva democracia e pluralismo cultural tornou plausível uma retomada de ideias semelhantes à proposta utilitarista de Bentham.
De acordo com Davies, duas vertentes intelectuais ganharam força nesse período:
Com o apoio da indústria farmacêutica, intensificou-se o desenvolvimento de medicações para o tratamento de doenças psíquicas. A tristeza deixa de ser um sintoma para se tornar um problema a ser tratado.
No sexto capítulo do livro “The Happiness Industry”, o autor William Davies analisa a atual forma do Capitalismo, caracterizada por empresas modernas como Uber e Airbnb, e propagandas que penetram a intimidade do consumidor, a fim de fidelizá-lo.
Contrariando as suposições dos economistas, descobriu-se que em nossa tomada de decisões o altruísmo influi mais que o cálculo monetário. Dessa forma, é mais eficaz apelar para o senso de moralidade e identidade social do indivíduo do que seus interesses particulares.
Seguindo essa descoberta, o mercado rejeita sua antiga forma, se apresentando como um fenômeno social. Seu caráter monetário é escamoteado. O autor chama esse processo de “socialismo neoliberal”: compartilhar é melhor que vender, desde que não interfira na lógica do Capital.
Davies observa que essa nova roupagem do Capitalismo é possível graças à digitalização das relações sociais. Às questões de origem política, social e econômica, são oferecidas soluções individuais que resultam num ciclo de insatisfação que impulsiona o consumismo.
Atualmente, afirma-se que estão estabelecidas as bases para desvendar os segredos da subjetividade humana. O autor aponta para três fatores que propiciaram essa retomada desse otimismo behaviorista:
No atual contexto, de dissolução dos limites políticos, tecnológicos e culturais para o monitoramento psicológico, estados subjetivos tornaram-se objetos quantificáveis. O desafio dos pesquisadores é interpretar quantidades massivas de dados.
O livro “The Happiness Industry”, esclarece que é necessário questionar se essa tecnologia realmente é a forma ideal de garantir o bem-estar da população. O monitoramento, gestão e controle de nossas emoções é tão bem-sucedido que neutraliza formas alternativas de representação política e econômica.
No capítulo final, Davies afirma que a forma como tratamos a infelicidade na sociedade é resultado de uma associação política da psicologia que serve às classes dominantes.
Essa ideologia opera de forma dupla, através de complexos aparatos tecnológicos que coletam dados e produzem uma fórmula objetiva de felicidade, enquanto uma narrativa de autogerenciamento guia o cidadão comum. Uma discussão acerca da eficiência desse sistema torna-se impossível.
O tratamento da mente como uma entidade independente que requer monitoramento e reparo é um sintoma da própria cultura que produz infelicidade. A impotência dos indivíduos é parte integral do surgimento de problemas como ansiedade e depressão, e tem raiz em questões sociais, políticas e econômicas.
William Davies conclui suas ideias com alguns pensamentos que podem construir uma alternativa ao sistema vigente.
Para que se resolva a suposta crise da felicidade que assola a sociedade atual é essencial uma reestruturação das instituições que a compõem. Por fim, e não menos importante, que as pessoas sejam e se sintam ouvidas.
No livro “Ikigai”, o autor Ken Mogi conta que a palavra ikigai é de origem japonesa e significa “razão de viver”. Ele diz que todo mundo tem um Ikigai, basta encontrá-lo, e define os 5 pilares para isso, que são: começar pequeno; libertar-se; harmonia e sustentabilidade; alegria das pequenas coisas; estar no aqui e agora.
Em “Factfulness” você vai refutar as visões de mundo que teve até hoje, passando a olhar uma situação de dois lados. Após os ensinamentos de Hans, Ola e Anna Rosling, você sairá mais crítico para analisar as situações e conflitos mundiais, compreendendo que nem sempre as coisas são como a TV nos apresenta.
Por fim, para você que é líder, em “O Monge e o Executivo”, de James C. Hunter, você aprenderá sobre o conceito de liderança servidora com a história de John Daily, um chefe que almeja transformar sua situação para ter uma vida mais plena, aprendendo os princípios fundamentais de um bom líder.
“The Happiness Industry” evidencia que a infelicidade generalizada da sociedade contemporânea tem origem na falta de resolução da desigualdade gerada pelas instituições políticas, econômicas e sociais.
Segundo o autor William Davies, é essencial que o bem-estar seja um fim, não um meio. E para tal, as pessoas precisam ser ouvidas. Nesse sentido, você pode adotar uma estrutura cooperativa em seu negócio, em que todos se sintam representados.
Como você acha que podemos contribuir para o bem-estar da sociedade? Não esqueça de deixar seu feedback nos comentários e atribuir sua nota para este PocketBook!
Além disso, para se inteirar mais sobre o conteúdo, adquira o livro clicando na imagem abaixo: