
Nós vivemos na Era da Informação. Mas como será que a transformação digital pode impactar a dinâmica econômica, social e cultural dos diferentes tipos de sociedade existentes ao redor do mundo?
Publicado em meio ao crescimento da bolha “ponto com”, o livro “A Sociedade em Rede” de Castells busca explicar os principais efeitos gerados pela tecnologia da informação no mundo contemporâneo.
Além disso, ressalta como os fluxos de informação, dinheiro e comunicação são capazes de regular, ao mesmo tempo, a produção e a demanda, influenciando diretamente na vida das pessoas.
Para compreender mais desse tema tão relevante para a sociedade moderna, continue lendo este resumo!
Lançado originalmente em 1996, é o primeiro volume da trilogia “A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura”. O livro conta com diversas edições revisadas e atualizadas.
A versão brasileira contém 630 páginas e foi publicada pela primeira vez em 1999. Apresenta o prefácio escrito por Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil entre 1995 e 2002.
Nascido na Espanha, Manuel Castells é sociólogo e professor universitário, tendo lecionado na Universidade de Berkeley na Califórnia e na Universidade de Paris, além de ter atuado como pesquisador na Universidade Aberta da Catalunha.
Seu principal trabalho é a trilogia “A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura”, que foi traduzida para mais de 20 idiomas. Castells é um dos acadêmicos mais citados nas áreas de comunicação e ciências sociais.
“A Sociedade em Rede” é uma leitura fundamental para pessoas que buscam compreender os impactos da tecnologia na sociedade moderna, além de ajudar a identificar as transformações relacionadas ao avanço tecnológico dentro de cada realidade.
Neste resumo do livro “A Sociedade em Rede”, vamos falar sobre as visões do autor com relação ao mal estar da pós-modernidade, além de explicar suas análises sobre os impactos na cultura, natureza e percepção do tempo.
Vamos nessa?
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Inicialmente, Castells conceitua que tecnologia se trata do uso de conhecimentos científicos para facilitar a vida humana, criando elementos que são confiáveis e escaláveis.
Sendo assim, dentro da tecnologia da informação estão englobados desde microeletrônica, computação avançada, robótica e telecomunicações até engenharia genética.
A partir dos avanços em todas essas áreas, desenvolveu-se um mundo digital, pois, diferentemente das outras revoluções industriais, o núcleo dessa transformação passa pelas tecnologias de informação, processamento e comunicação.
O pesquisador faz um paralelo entre o papel da tecnologia na atual revolução e o desenvolvimento de novas fontes de energia nas revoluções industriais anteriores, que transformaram e impactaram a sociedade como um todo.
No entanto, ao contrário das antigas revoluções, a transformação digital ocorreu de forma globalizada e em alta velocidade, caracterizando a aplicação imediata da tecnologia gerada, capaz de conectar o mundo a partir da década de 70.
Castells relata que o berço dessa revolução foi o Vale do Silício, uma região ao sul de São Francisco, Califórnia.
O desenvolvimento nessa área se deu pela convergência de vários fatores, como a presença de engenheiros e cientistas talentosos formados nas universidades próximas, disponibilidade de recursos públicos e privados e a formação de uma rede de empresas de capital de risco.
Pensando nisso, o autor fez diversas viagens pelo mundo e constatou que a concentração espacial de centros de pesquisa, instituições de ensino e fornecedores de bens e serviços tende a gerar grandes círculos de inovação e desenvolvimento de tecnologia.
Dessa forma, verifica-se que as grandes metrópoles oferecem todos os elementos necessários para a evolução tecnológica, seja nos Estados Unidos, Europa, Ásia ou até mesmo na América Latina.
O autor define a nova economia, aquela estabelecida a partir dos avanços tecnológicos, como global, informacional e em rede.
É globalizada pois a imensa maioria das atividades produtivas e seus componentes (capital, trabalho, matéria prima, administração, informação, tecnologia e mercados) são organizados em uma escala mundial.
É caracterizada como informacional porque a competitividade dos agentes econômicos depende da capacidade de gerar, processar, analisar e distribuir de forma eficiente a informação.
Por fim, a economia é baseada em uma rede global de interações entre diversas redes empresariais.
Dessa maneira, fica fácil perceber que a tecnologia da informação fundamentou as bases para a criação dessa nova economia, além de ser um dos seus pilares de sustentação.
A seguir, o autor explica que, a longo prazo, a produtividade é a fonte da riqueza das nações. Os avanços tecnológicos, tanto na produção quanto no gerenciamento, são os principais fatores que levam à produtividade.
Sendo assim, Castells conclui que a expansão da base produtiva e dos mercados deve ser acompanhada pelo crescimento e globalização da mão de obra especializada.
Além disso, ele acredita que, no decorrer do século XXI, a revolução da biologia se junte ao setor da tecnologia de informação na criação de novas empresas, especialmente na parte de assistência médica e na agricultura.
No fim do capítulo, o escritor pontua que a nova economia também apresenta falhas, já que sua expansão é muito desigual ao redor do mundo, e a volatilidade sistêmica abre espaço para crises financeiras com efeitos devastadores.
Neste capítulo, o autor discorre sobre as transformações organizacionais ocorridas a partir da década de 70, que ocorreram conforme aconteceu a difusão da tecnologia da informação.
Ele explica que essas mudanças visavam lidar com a incerteza causada pelo ritmo acelerado das transformações no ambiente econômico, institucional e tecnológico da empresa, o que aumentou a flexibilidade na produção, gerenciamento e marketing.
As alterações organizacionais redefiniram os processos e as práticas de trabalho, com o advento do modelo enxuto de produção, que visa a eliminação de desperdícios, automação, redução de custos e supressão de camadas gerenciais.
Isso permitiu estabelecer métodos e processos baseados em dados. O gerenciamento dos conhecimentos e o processamento de informações são essenciais para o desempenho das organizações que operam na nova economia.
Nesse contexto, surgiram as redes globais de produção e distribuição, com empresas que terceirizam boa parte de suas atividades produtivas, de acordo com os interesses estratégicos da organização.
Essas empresas são denominadas como “empresas horizontais”, e apresentam as seguintes características:
Como exemplo dessa transformação, Castells cita a Cisco Systems, empresa com sede na Califórnia que fornece soluções para redes empresariais.
No fim da década de 90, a empresa teve uma estratégia agressiva de aquisições de empresas menores e promissoras, todas do ramo da tecnologia. O objetivo era conseguir aplicar a lógica das redes que vendia a seus clientes.
Dessa maneira, foi capaz de organizar, através da internet, todas as relações com os clientes, fornecedores, parceiros e funcionários, reduzindo ao máximo a sua própria manufatura.
Em 1999, 83% das encomendas eram recebidas online, e 80% dos atendimentos a clientes eram feitos da mesma forma. Com isso, estima-se que a Cisco economizou cerca de US$500 milhões durante o ano.
O processo de trabalho é o núcleo da estrutura social. Sendo assim, a adaptação tecnológica e das relações envolvendo o trabalho dentro da empresa em rede é a forma pela qual a sociedade é afetada nesse paradigma informacional.
A abordagem do sociólogo acerca da estrutura ocupacional envolve uma observação empírica da evolução do emprego nos países desenvolvidos. Tal observação identificou os seguintes aspectos:
Castells destaca também as tendências observadas com relação à formação de uma força de trabalho global. Na época do lançamento do livro, o trabalho ainda era muito delimitado por instituições, culturas, fronteiras e até mesmo xenofobia.
Contudo, conforme previsto pelo autor, esses fatores vêm diminuindo ao longo dos anos e, com o advento do trabalho remoto, cada vez mais é possível verificar uma força global de trabalho.
Dessa maneira, o escritor ressalta que a tecnologia da informação é a ferramenta decisiva do processo de trabalho na era informacional, pois:
O aumento da produtividade e lucratividade ocorreu, mas os trabalhadores perderam proteção institucional e se veem cada vez mais dependentes de negociações individuais, dentro de um mercado de trabalho em constante mudança.
As leis da natureza humana promovem uma divisão entre vencedores e perdedores. Nesse cenário, não foi diferente: as sociedades estão ficando dualizadas, com uma grande camada superior e uma grande parcela inferior, crescendo em ambas as extremidades da estrutura ocupacional.
Neste capítulo, o autor aborda a formação de uma metalinguagem que, pela primeira vez, integra as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicação humana em um mesmo sistema.
Castells comenta que, como a cultura é mediada e determinada pela comunicação, as próprias culturas são transformadas de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico.
Com o advento das tecnologias de informação, essa comunicação multimídia é capaz de moldar os pensamentos, comportamentos, desejos e necessidades dos variados tipos de sociedade existentes.
Isso transforma radicalmente o espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana. As localidades se integram em redes funcionais ou colagens de imagens, enquanto o tempo é apagado, pois passado, presente e futuro podem ser programados para interagir entre si dentro de uma mesma mensagem.
Ele define essa modernidade líquida como a era da virtualidade real: a própria realidade é inteiramente captada e imersa em uma composição de imagens digitais em um mundo virtual, no qual as aparências na tela se tornam a experiência em si.
Fazendo um paralelo, em 2021 a empresa Facebook divulgou que a empresa mudaria o nome para Meta, indicando o foco da gigante de tecnologia no desenvolvimento do chamado metaverso, considerado o próximo passo na jornada de conexões sociais.
O grande guru do Marketing, Philip Kotler, também cita em seu livro “Marketing 5.0” a supressão das camadas intermediárias da sociedade em diferentes âmbitos, incluindo os aspectos econômicos, ideológicos e profissionais.
No livro “Como Viver na Era Digital”, o autor Tom Chatfield elenca os benefícios advindos da tecnologia no nosso cotidiano, mas também alerta para os diversos problemas que o uso indevido e exagerado desses dispositivos pode trazer.
Por fim, pensando em transformação digital, a obra “Negócios Digitais”, do autor Alan Pakes, traz importantes conceitos sobre organizações digitais, bem como formas de migrar a sua empresa para o âmbito digital.
O que achou das visões do autor sobre o período de intensas e surpreendentes transformações em que vivemos?
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